no uso da palavra
vez por outra penso
que abuso
há palavras
que palavras
tão bem deixadas em paz
ai que o uso da palavra
passava tão bem sem o abuso
do meu sentimentozinho
do meu sentimentozão
e variantes entre tão balalão
um dia quando for grande
quero ser uma palavra forte
ideia cheia segura e firme
como grave é a palavra muro
Pedro
1 comment:
ERA UMA VEZ UM AMANTE…
Era uma vez um amante
Que não soube amar quem o amou
Vivendo a solidão distante
Sem ouvir o coração que sangrou
Foram horas de loucura
Que arderam no gelo da paz
E nem os dedos da agrura
Foram sons que a harpa traz
Entre as cinzas do medo
E as gotas da chuva ardente
Pisei as letras do enredo
Em que eu morri demente
Vivi a guerra dos vivos
Sem ver os mortos das trovas
E nem liguei aos cativos
Que só sonham com as novas
Gastei horas de tristeza
Em frotas de asas cortadas
Sem furtar à natureza
A cor das brasas aladas
Perdi a candeia da noite
Onde vi o que não soube ver
Hoje não há quem acoite
Este verbo de não ser
E eu não sei o que sou
Nos olhos de quem não vê
Os nós que o tempo molhou
Sem sentir o que não crê
Um dia fui o teu sorriso
Entre as noites da pureza
Mas não li no seu aviso
As penas da incerteza
Abro as janelas do vento
E respiro o que não tenho
Soam os cantos do tormento
E eu já não sei donde venho
Sinto que sou um vulto
Entre as linhas do desejo
Um passageiro oculto
Entre vagas que não vejo
Hoje restam-me as carícias
Que o corpo vê sem sentir
E passeio entre as delícias
Que louco não sei medir
Porque uma vez fui um amante
Que não soube amar quem o amou
Vivendo a solidão distante
Sem ouvir o coração que sangrou.
Oeiras, 11/07/2009 - Jorge Brasil Mesquita
www.comboiodotempo.blogspot.com
Post a Comment