2009-11-12

quando eu era pequenino fazia um poeminha, agora quero ser grande e fazer um poemão


no uso da palavra
vez por outra penso
que abuso

há palavras
que palavras
tão bem deixadas em paz

ai que o uso da palavra
passava tão bem sem o abuso
do meu sentimentozinho
do meu sentimentozão
e variantes entre tão balalão

um dia quando for grande
quero ser uma palavra forte
ideia cheia segura e firme
como grave é a palavra muro

Pedro

1 comment:

Jorge Mesquita said...

ERA UMA VEZ UM AMANTE…

Era uma vez um amante
Que não soube amar quem o amou
Vivendo a solidão distante
Sem ouvir o coração que sangrou

Foram horas de loucura
Que arderam no gelo da paz
E nem os dedos da agrura
Foram sons que a harpa traz

Entre as cinzas do medo
E as gotas da chuva ardente
Pisei as letras do enredo
Em que eu morri demente

Vivi a guerra dos vivos
Sem ver os mortos das trovas
E nem liguei aos cativos
Que só sonham com as novas

Gastei horas de tristeza
Em frotas de asas cortadas
Sem furtar à natureza
A cor das brasas aladas

Perdi a candeia da noite
Onde vi o que não soube ver
Hoje não há quem acoite
Este verbo de não ser

E eu não sei o que sou
Nos olhos de quem não vê
Os nós que o tempo molhou
Sem sentir o que não crê

Um dia fui o teu sorriso
Entre as noites da pureza
Mas não li no seu aviso
As penas da incerteza

Abro as janelas do vento
E respiro o que não tenho
Soam os cantos do tormento
E eu já não sei donde venho

Sinto que sou um vulto
Entre as linhas do desejo
Um passageiro oculto
Entre vagas que não vejo

Hoje restam-me as carícias
Que o corpo vê sem sentir
E passeio entre as delícias
Que louco não sei medir

Porque uma vez fui um amante
Que não soube amar quem o amou
Vivendo a solidão distante
Sem ouvir o coração que sangrou.


Oeiras, 11/07/2009 - Jorge Brasil Mesquita
www.comboiodotempo.blogspot.com