2009-07-04

coisas


acho que uma das coisas que pecam nas abordagens ditas "novas" (whatever that means) é a necessidade de "rotura": como se viver o momento implicasse desvalorizar o passado e o futuro, ou o desaparecimento da dor e desilusão

acho que não

acho que isso nunca acontece;
acho que ao ir por aí se criam mais problemas do que soluções;
- se estou neste presente foi que o passado aqui me trouxe, e
- neste presente faço em permanência o futuro,
- com o segundo de agora já fiz passado e é o futuro que mo faz, e
- com isso mais do que nunca a força do
- aqui e agora, o momento vivo

isto são La Palices, não estou a criar nada de novo

o preconceito existirá sempre, as decepções também, os traumas vão-se vivendo (se não forem demasiado presentes serão só traumazinhos), as expectativas são mais do que humanas (são tb sal que dão tanta energia para seguir em frente, se forem em excesso é que podem consumir energia demasiada na frustração!),
viver é a mistura de tudo, e se tiver essa componente presente de consciência do aqui e agora, será/é tão mais rica a experiência de vida

há uma componente nisto tudo que a mim me faz ticking de forma diferente e tão melhor: impro, improvisation... improviso, não o desenrasca, não é isso, é a súmula do aqui e agora

Keith Johnstone (Keith JoãoPedra :-), um ou dois livros dele, o Impro, por exemplo, que dá as pistas para esta coisa que é a consciência tão grande do aqui e agora... ajuda tanto a eliminar os preconceitos, os filtros responsáveis por nos obrigarmos a termos sempre ideias interessantes (ou seremos desconsiderados!); isto do impro ajuda a criar o bom deixar ir porque a espontaneidade é a chave da vida

o que o Impro tem é isso: a recuperação da espontaneidade que, enquanto crianças, tínhamos a rodos e que as martelagens de tudo à nossa volta nos foi fazendo perder, ou moldar, ou recalcar...

a espontaneidade é o eu

e quando o eu é martelado para se formatar ao que são as convenções ou ao que se espera de nós (os scripts impostos dos outros, sejam pais, professores, chefes, colegas, e outros), começa o infortúnio de viver o que os outros querem que vivamos em vez de vivermos o que espontaneamente procuramos

isto não é a apologia da anarquia!
em rigor a anarquia advoga que a minha liberdade termina onde começa a do outro

e do meu espaço de conforto, outra forma de dizer liberdade, e do espaço de conforto do outro, eu não abdico, porque para existir o outro, eu existo, que eu sou o outro para o outro, e nisso sou eu
:-)
e vivo :-)

Pedro

5 comments:

Blondewithaphd said...

Eu também sou mais da sequencialidade, do continuum. Mas admito que, por vezes, o única caminho é mesmo a ruptura, aquela ideia do "corações ao alto" e caminhar para a frente sem peias de passados.

Pedro said...

yup, concordo, Blonde

há alturas que o corte é única forma

Anonymous said...

Discordo. Não há alturas para usos de "formas" e muito menos para "corte"... Que tontice! Desculpe esta minha opinião... mas cheguei hoje aqui e deparei-me com Vida. A Vida é a Vida. Por mim gosto da vida e também do silêncio.
Beijos,
Sara

Pedro said...

discordar é viver
:-)

Anonymous said...

:-)
Sara