2010-03-31


há momentos
que parar
não é opção

há momentos
que olhar
é adoração

Pedro


é deste prazer que gosto
descobrir
ao que seja coberto
fazer dele des coberto

seja uma palavra
seja um som
seja um olhar
seja um tom
seja um sussurro
seja um encanto
um carinho
o teu espanto

Pedro

sobrescrito


que piada tem não reinventar
que piada tem inventar
que piada tem
tem tanta piada
mas tanta que tem
pegar num sobrescrito
e escrever sobre escritos

Pedro


quero apenas duas coisas
a mim
e a ti
num tempo que pode ser sem fim

Pedro


num entre
e tanto
de entretanto
que entretanto
que entretanto

Pedro


há significados
irreais
e reais

Pedro

2010-03-30


lembra-te que te toco apenas
só e somente ao de leve
sem mais contacto que esse
leve
contacto ao de leve

Pedro


sentes o que te toco
que toco

tão leve

Pedro


é o limite do sentir
que nem um só beijo reflecte
esta forma de toque leve
no que toque de tão leve

Pedro


um beijo
depois outro
quantos mais beijos outros

Pedro


enconta uma palavra que te conte
quanto
e depois disso o imenso é mais que isso

da falta que se sente
imensa
maior que todo o tamanho imenso

Pedro

2010-03-29


paixão é só
a gota no copo cheio do amor
que jorra

Pedro


contrario o contrário
do verdadeiro
e do seu contrário

Pedro

2010-03-28


o teu sorriso
preenche-me
de vida
prenhe

Pedro


que novidade é essa presente
que não se sente
que se sente
como se fosse eternamente nova novidade
esse novo intenso carente
ser ausente
ser presente
a presença por instante breve saciada
a vontade
a vontade
do beijo sorriso tocado
o beijo
sorriso
amado

Pedro


do mar salgado
navegado
há vento que traz
neblina
névoa de sal cristalino
branco
por onde entrevejo
doce
brilho luminoso o teu
olhar

Pedro


um paradoxo
não é
um pensamento
coxo
mesmo que o paradoxo
seja
muito
coxo

Pedro


quando o olhar te encontra
olhar
duas partes de um todo
lágrima
que lábios sorris
a forma química
de um cloreto
de sódio

Pedro

2010-03-27


os encontros não são fortuitos
acontecem sempre
mesmo que o sempre
seja eterno

Pedro

ouvido absoluto


não vejo notas
não ouço letras
nesse absoluto de ouvir
que não tenho

chegam-me as palavras que se constroem
entre um tímpano e outro
ressonâncias
palavras que sinto

Pedro


vejo o instante do ritmo
em que consinto
o que sinto
o que sinto
no instante
exacto
exacto
exacto
em que sinto

Pedro


que fazes
ao tempo
que te consome
os dias
idos
antes
da chegada

Pedro


sabes
que as palavras
chegaram
num murmúrio
quente

Pedro


saudade
é quando estamos longe
que estamos perto

Pedro


vejo-te
tão perto
quando te sinto

Pedro


sentes
o que te digo
de longe
a longe
no perto
que nos
fazemos

Pedro


palavras que andam
sentem
palmilham
viajam
regressam
entre um e outro
os lábios
por dizer

Pedro


se
se
se
se quisesse
dizer-te
tudo
o que sinto
se
se dissesse
tudo
tudo
o que sinto
o que diria
que agora sinto
o que não consigo
dizer
dizer-te
tanto
o que sinto

Pedro


a viagem continua
como sentes que continua
a viagem reflexo
os reflexos
imagens
que imagens
nós

Pedro

2010-03-25

entreamor e outro e outro


as palavras são ditas num tom
que palavras são ditas que disseste
as palavras que dizes são tão bom
as palavras nos sons dessas palavras
as palavras as palavras
as palavras que perdidos são os sons
as palavras que entre ti me são eu
as palavras que palavras que palavras
as palavras sem palavras outros sons

Pedro


devagar
amar
com todo o tempo
tão depressa
amar
devagar

devagar

com todo o tempo

tão depressa

devagar


Pedro


à noite
de dia
agora
o tempo é todo
o tempo tudo
de amar amor

Pedro

blonde crepe revisited


entre um crepe e outro
que olhares atravessámos
que foram entre olhares
outros olhares cruzados

Pedro

hombre


de que ombro a hombridade
de ombrear equiparado
às gentes que sossegue
de crepes o custo estiolado

Pedro

2010-03-24


há mais para lá do ar
mais para lá do mar
mais para lá do vento
mais para lá do olhar
mais que entre tanto
o mais é tão tudo
mais que entretanto
o tudo é tão mais

Pedro

a blonde crepe



e se um crepe bom sabe bem
companhia interessante sabe como?

o crepe era louro
a condizer com a companhia
nice seeing you there
nice meeting you there

don't be shy
let's do it again
in a spot nearby

:-))

Pedro

2010-03-23


no meu amor
vivo

Pedro


toco-te a flor
à pele

Pedro


o que lembrar é sonho
o que sonhar é ver
no que ver é sentir
no que sonhar é viver

Pedro


de entre nós
que nós

Pedro

2010-03-20


amo-te
de manhã

energia
molhada
redobrada

amo-te
à tarde

à noite
sempre

amo-te
amor

amo-te
sempre

Pedro


é uma humidade seca
água salina extrema
que no Vale da Morte
ronda lenta a morte

não há silêncio
há silêncio
não há silêncio
só há silêncio

Pedro


para onde quer que se olhe em volta
o branco é plano
até ao limite dos limites
onde as montanhas circundam
e o céu acaba

no fundo só há um ruído
quase pouco ouvido
um som baixo ofegante
a respirar
a única vida

no Vale da Morte há vida
enquanto se vê
o Vale da Morte

caminhei passos curtos longos
no Vale da Morte
um vale a norte

Pedro


caminhei sobre sal
trago nas solas sal
ao som de passos sobre sal
perdidos no fundo de um lago seco de sal

Pedro


no Vale da Morte
o silêncio é tudo

Pedro

2010-03-19


depois da luz
luz

Pedro

2010-03-18


durmo-te
quente

Pedro

luz


luz
e tudo se resume

em excesso
por defeito
a luz que molda
é tudo efeito
é tudo feito
por
com
essa
luz

e na ausência
memória

Pedro

2010-03-09

dessa consciência o inconsciente


não penses

pensa
antes que penses

Pedro

2010-03-03

Faria


se pensasse
pensaria
com o que pensasse
o que faria

Pedro

2010-03-01

tempo


que tempo voa
o tempo que voa
que não voa o tempo
que o fazemos voar

Pedro