em Genebra, Plainpalais, lembras-te, à minha frente, estavas sentada, e começámos a conversar, não sabíamos porquê
a solidão entre gentes desconhecidas é ponte de travessia fácil, começa-se a conversa porque afogar em silêncio não é opção, é a sobrevivência que leva aos sons da voz como jangada, e eu falei-te com o meu silêncio que escutaste pelos meus olhos a ouvir os teus sons na tua boca nos teus lábios que disseram do teu irmão em Atenas hoje é o aniversário dele e na semana antes zangaste-te zanguei-me com o meu irmão ficámos sem nos falar morreu de acidente de mota no dia antes do aniversário hoje era o aniversário morreu há seis anos estávamos zangados não nos falávamos morreu sem eu voltar a falar com ele
o meu silêncio ouviu-te lágrimas de silêncio em Plainpalais a dor de Atenas
Pedro