2009-06-30

as letras das palavras


entre as letras das palavras
que brincadeiras de letras
fazem letras nas palavras

Pedro

tempos


tempos e tempos e tempos
que tempos tantos tempos
o estar de olhar-te silêncio
de um tempo parado só
tempo com tempo inspirado
num tempo tão breve só

Pedro

da forma


uma forma diferente
é como a própria sonoridade da palavra e da letra
e do silêncio
que uma linha esteja a pedir

às vezes nem se sabe que acontece

e quando acontece
que se perceba depois
é uma forma de alegria infantil
como o que infantil tem de puro,
é puro nascimento

Pedro

chegar


chegado aqui, que silêncio
o silêncio de ser um espaço
às vezes por preencher

Pedro

2009-06-28

espaço


mesmo no espaço vazio
há uma partícula só

Pedro

2009-06-27

entre isso e aqui


ser
existir
pensar
viver

livre
entregue
o eu
em si

quanto
do eu
é o tu
em nós

quanto
de nós
em nós
amor

Pedro

tudo tem um tempo


tudo tem um tempo
que não sei que tempo é
quanto ou onde

um tempo de pensamento
concreto
ou disperso
longo

um tempo imenso
redondo
um risco circular

e se o tempo for demais
o tempo será só mais
outra forma de prisão

Pedro

ao silêncio de que som


no ruído do meu silêncio não me perco, traço pontos entre linhas imaginárias, os pontos reais, os pensamentos incorpóreos, e entre um ponto e outro anoto as variantes de silêncio que percebo: o silêncio do vento parado, o silêncio do ar respirado, o silêncio do meu coração, o silêncio da minha alma; custa-me mais ouvir a alma, esse silêncio que toco de uma a outra letra à música que faço no silêncio que afogo o estar de solidão

há silêncios tão longos como uma noite longe

Pedro

auto-estima


para amar
te amo
a ti
eu

Pedro
auto-estima é aquela garagem onde estimam muito o carro de cada um; já a Auto Prazeres é mais reparações e tunning, na Terrugem

entre mãos


entre uma mão e outra mão
que mão te dá a mão
que mão na mão
o ar entre
ti e
não

Pedro

2009-06-26

where


what is the color of your reflection
where is the image of your soul
where the scent of your lips
where the eyes of your smile

Pedro

2009-06-25

the boy in the striped pyjamas



não me interessa se o filme está bem feito, se está na moda, se a realização é aprimorada, a adaptação irrepreensível, os actores brilhantes, ou o mais (ou menos) que for; não vi

li o livro e no texto me deixo, fico;
fascínio; brilho;
tocante; envolvente;
bem escrito;
tão bem escrito;
emocionante;
lê-se e vai-se
recomenda-se

a infância é um lugar

Pedro

quem diria


e em pequenas mudanças
de um trincar a outro
seis meses passados
o colesterol baixado
qu'isto é quem diria
também outra poesia

Pedro

2009-06-24

porque


porque criar é amar
porque amar é criar
porque arte é amor

Pedro

vida


arte que és fresta
vislumbre
relance
olhar de alma

Pedro

do saber de um estado


quem saberá do estado
que o olhar provoca
a que sabe o estar
de ver esse olhar
tão presente
instante
tão intenso
que o olhar de ver
a estar no que sabe
provoca quanto olhar
estado de quem não sabe

Pedro

em Genebra Atenas


em Genebra, Plainpalais, lembras-te, à minha frente, estavas sentada, e começámos a conversar, não sabíamos porquê

a solidão entre gentes desconhecidas é ponte de travessia fácil, começa-se a conversa porque afogar em silêncio não é opção, é a sobrevivência que leva aos sons da voz como jangada, e eu falei-te com o meu silêncio que escutaste pelos meus olhos a ouvir os teus sons na tua boca nos teus lábios que disseram do teu irmão em Atenas hoje é o aniversário dele e na semana antes zangaste-te zanguei-me com o meu irmão ficámos sem nos falar morreu de acidente de mota no dia antes do aniversário hoje era o aniversário morreu há seis anos estávamos zangados não nos falávamos morreu sem eu voltar a falar com ele

o meu silêncio ouviu-te lágrimas de silêncio em Plainpalais a dor de Atenas

Pedro

2009-06-22

inferno inverno


o que melhor fazemos é enganar o eu
tão melhor o fazemos
que é um espanto como o fazemos

o inferno não são os outros
o inferno somos nós

o meu inferno sou eu
e tanto que é meu
que é só meu
e que o será se o fizer

o meu inferno não depende de ninguém
só de mim
que mais vale que lhe faça inverno

inferno
digo-te inferno
faço-te inverno
tão congelado
que num toque
faço que desfaço

Pedro

2009-06-20

onde


onde te perdes
quando te perdes
em ti
que por ti te perdes
de ti em ti
por ti
que te perdes
onde

Pedro

no calor


do calor que seja cor
de amor
do quente que seja ser
de ter
do estar que seja ler
de olhar
o calor é olhar
o quente amor
o olhar ter
o amor ser

Pedro

tempo de um dia


há dias
como um dia
de dias e dias
tão feitos de dias e dias
de um tempo sem fim sem fim
e um dia
um dia
seguia por mim
sem percalço sem intenção
e o dia fez-se luz e tempo e espaço e quente
e sol e lua e tempo e tempo
como um dia sem fim
de um universo sem fim
porque o tempo era enfim
tempo querente tempo
tempo dolente tempo
tempo de ser tempo sem fim

há um tempo que fica suspenso
um tempo de um olhar assim

Pedro

nos olhos


que olhos abres
aos olhos
que te vêm
que olhos
olhares
para lá de olhares
que olhos vêm
que vêm os olhos
o teu olhar

Pedro

2009-06-16

coisas


das coisas sem importância
nascem tantas várias coisas

Pedro

cor de um eu


de que cor é o meu reflexo
quando me olho a mim reflexo
esse eu no modo de ser
o ser eu reflexo de mim

de que cor o meu reflexo
me reflecte e faz a mim
um eu aqui e um lá reflexo
de mim o eu fruto e nexo

Pedro

para Helena


de letras
de sons
entendimentos
tons
.
cantos
reflexos
refractos
perplexos
.
sentidos
caminhos
vivos
vistos
.
tempos
idos
tempos
vindos
.
de sons
as letras
os cantos
os tons
.
quantos
enquantos
dos cantos
os tons

Pedro

2009-06-15

reflexo


reflexo cintilado
faceta diamante
eterno brilho dentro
esse amor amante
criança diamante

Pedro

para lá do ver


para lá do ver o que vê
o que se vê

quanto o ensejo do ser
nesse ter
de ver para lá do ver
o que seja ver do ser

Pedro

a seguir e ler, Felix Dennis



Felix Dennis' odes to vice and consequences
Media big shot Felix Dennis roars his fiery, funny, sometimes racy original poetry, revisiting haunting memories and hard-won battle scars from a madcap -- yet not too repentant -- life. Best enjoyed with a glass of wine.

2009-06-14

a seguir e ouvir, Amélia Muge



http://www.myspace.com/ameliamuge
Autora. Compositora. Intérprete. Desafia com irreverência os gostos musicais de qualquer um. Quem a vê e ouve reconhece-lhe um mundo próprio, mas também surpreendentemente comum a todos. Um canto híbrido que reclama que o rosto da tradição musical, em Portugal, e a sua capacidade de modernização, nunca foi nem será apenas o fado.

a seguir e ouvir, Filipe Raposo



http://www.myspace.com/filiperaposo
Piano & acordeon player, composer, arranger

a seguir e ouvir, Ana Sacramento



http://www.myspace.com/anasacramento
SINGER AND ACTRESS UNDER CONSTRUCTION!

a seguir e ouvir, nox



http://www.myspace.com/noxtrio
my god, it’s full of stars!

catherine graindorge : violin & viola
david christophe : bass, double bass & voice
elie rabinovitch : drums